O Suicídio Infantojuvenil

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O suicídio infantojuvenil é uma triste realidade e ocorre com muito mais frequência do que se imagina.


De acordo com os dados do Mapa da Violência, organizado pelo Ministério da Saúde, entre 2002 a 2012, houve um aumento de 40% no número de suicídios entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Já entre os jovens de 15 a 19 anos o aumento foi de 33,5%. Estes números podem ser ainda maiores se levarmos em consideração o suicídio “inconsciente”, quando esses jovens se expõem a situações de risco e acidentes frequentes.


Em muitos casos o ato suicida é escondido pela família, pela sociedade, inclusive pelos próprios médicos, quando não colocam no atestado de óbito a verdadeira causa da morte da criança ou adolescente. Isto porque os pais apresentam muita dificuldade em acreditar que a criança tentou se matar, provocando sentimentos diversos como culpa e vergonha.


O suicídio ainda é um tabu em nossa sociedade, mas é preciso falar sobre o assunto. É muito importante valorizar uma primeira tentativa de suicídio como um desejo real de morte, para prevenir as futuras.


Outro ponto fundamental é prestar atenção na fala e no comportamento de crianças e adolescentes. Caso verbalizem que estão sofrendo muito e não encontram uma saída, fique atento! Isto deve servir de alerta aos pais.


De acordo com a OMS, alguns fatores de risco podem ser listados: depressão, histórico familiar de suicídio, uso de álcool e drogas na família ou pelo jovem, abuso, bullying, estresse, pressão interna, dificuldade de interação social, acesso ao instrumento que conduza ao ato suicida.


O suicídio e as crianças


Entre as crianças se matar é mais difícil devido ao uso de métodos pouco letais ou pela dificuldade de execução e acesso a instrumentos.


Ao falar sobre a morte de alguém para uma criança, enfatizar que o falecido não voltará mais. Isto porque, a criança pode procurar através da sua própria morte um reencontro com o ente querido que faleceu. Estas ideias são reforçadas e podem alimentar fantasias em decorrência de explicações do tipo “foi para o céu, não sofre mais, não tem mais problemas”.


Mentir ou esconder também não favorece, pelo contrário, dificulta a possibilidade de elaboração do morrer. De um modo geral a percepção da morte para uma criança pode variar de acordo com sua faixa etária:

1. Crianças com menos de 5 anos não consideram a morte como algo irreversível.

2. Com 6 anos temem a morte da mãe, mas, não acreditam em sua própria morte.

3. Com 7 anos pensam na morte como algo humano, mas só vagamente que um dia morrerão.

4. Com 8 anos aceitam que todos vão morrer um dia e elas também.

5. Com 9 anos passam a aceitar a ideia de morte com realismo de caráter biológico.


Prevenção


Atualmente crianças e adolescentes estão sobrecarregadas de atividades, sentem a pressão para serem bem sucedidas e corresponder às expectativas dos adultos e de si própria. Quando não conseguem atingir este feito sentem-se fracassadas e deprimidas. O sofrimento é grande e se não conseguirem ajuda para superarem isso, o risco de ideação suicida é eminente.


Claro que só isso não explica o suicídio, uma vez que este é um fenômeno de múltiplas causas e frequentemente está associado a transtornos psiquiátricos, entre eles, depressão e transtorno bipolar do humor.


Como prevenção, ter acesso a informações sobre o tema e falar sobre o suicídio é fundamental. Ficar atento ao comportamento de crianças e adolescentes, estimular o dialogo e a expressão de sentimentos e acolher seu sofrimento podem ajuda-los. No entanto, se a mudança de comportamento persistir, melhor buscar ajuda profissional.